Lutar pela valorização de quem passa a vida estudando para repassar conhecimento, mas nem sempre em condições merecidas e com acordos cumpridos. Esse foi um dos motivos que levou diversas instituições federais de ensino do Brasil a se mobilizarem e declararem greve por tempo indeterminado.
Entre elas, a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), que também paralisou as aulas, desde a última quinta-feira, 17. De acordo com o professor do Departamento de Matemática da UFSJ, Carlos Alberto da Silva Júnior, que faz parte do Comando de Greve, 35 outras instituições federais já haviam aderido à manifestação nacional até a última quarta-feira, 16.
No fechamento desta edição na quinta-feira, 17, o professor informou que na data outras cinco universidades realizariam assembleias para também tomarem a decisão. “Certamente até a segunda-feira, 21, cerca de 40 instituições federais terão deflagrado a greve”, disse. Dentre as que iniciaram a paralisação na quinta-feira, 17, estão as universidades federais de Ouro Preto (UFOP), Lavras (UFLA) e Viçosa (UFV).
Reivindicações
Segundo informações do site do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, além da valorização salarial, os professores lutam por questões como reestruturação da carreira prevista em acordo firmado em 2011 e descumprido pelo Governo Federal, além de incorporação de gratificações.
Em acesso ao portal eletrônico do sindicato no dia 16 de maio de 2012, foi veiculado que a categoria pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$2.329,35), e percentuais de acréscimos relativos à titulação e ao regime de trabalho. Os professores também querem a valorização e melhoria das condições de trabalho dos docentes das Universidades e Institutos Federais, além de atendimento das reivindicações específicas de cada instituição, a partir das pautas elaboradas localmente.
O portal ainda destacou que as reivindicações são de caráter histórico e que a reestruturação da carreira vem sendo discutida desde o ano passado, sem registrar avanços efetivos.
De acordo com nota divulgada pelo Comando de Greve da UFSJ, a agenda de mobilização dos professores das instituições federais tem cumprido roteiro desde o início de maio, com realização de assembleias gerais, assembleias da Seção Sindical dos docentes da UFSJ (Adfunrei) e outras reuniões até chegar à decisão de deflagrar a greve, tomada definitivamente na última segunda-feira, 14.
Segundo o documento, a greve é uma resposta da indignação dos profissionais perante o descaso do Governo Federal quanto às reivindicações. Ao tomar essa decisão a categoria sinaliza que não aceita mais as atitudes consideradas evasivas da atual gestão brasileira.
Na última quinta-feira, 17, aconteceu ato público em defesa da educação de qualidade e em apoio à greve dos docentes, com concentração em frente ao Solar da Baronesa, no Centro.
Após a concentração houve assembleia do DCE no campus Santo Antônio em que, segundo uma das integrantes da Secretaria de Comunicação da organização, Rafaella Dotta, ficou decidido que os alunos entrarão em greve em apoio à paralisação dos professores. Também foi aprovada a suspensão do calendário letivo, considerando que as reposições devem ser de qualidade, e a manutenção das bolsas pagas para os alunos da universidade.
Ainda segundo ela, apenas o campus de Divinópolis da UFSJ não havia decidido sobre a greve dos alunos.
Apoio e medidas
Silva Júnior destacou, também a importância do apoio da sociedade. “Ressaltamos que não é o aumento de salário que queremos. E sim uma reestruturação da carreira de trabalho dos professores, medida que deveria ser apresentada até 31 de março deste ano, conforme acordo estabelecido em agosto de 2011, mas não aconteceu. Trabalhamos para esse manifesto, que é um marco na história das universidades federais brasileiras, pois o número de instituições que aderiram é muito alto”, disse. O professor ainda lembrou que quando as aulas retornarem o calendário será refeito para que os alunos não sejam prejudicados.
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